domingo, 25 de abril de 2010

Las madres y las abuelas de La Plaza de Mayo-B.A.

Ontem saiu no O Globo uma matéria sobre 2 jovens, um homem e uma mulher de 32 anos, adotados em 1976 pela atual dona do jornal El Clarín, em plena ditadura militar argentina.
Eles se dizem vítimas da perseguição política do governo de Cristina Kirchner ao Grupo El Clarín e não querem fazer o exame de DNA, obrigatório por lá, para que parentes de desaparecidos confirmem de quem são descendentes.
O poder do Grupo El Clarín vem adiando seguidamente a coleta de material para os exames e há muita pressão política contra e a favor.

http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2010/04/22/filhos-adotivos-de-dona-do-clarin-dizem-estar-sendo-usados-pelo-governo-para-atacar-mae-916417287.asp

Estive com minha família na Plaza de Mayo, especialmente, para ver Las madres et las abuelas, em 2004.
Admiramo-as em silêncio e com lágrimas nos olhos. Sabíamos que apesar da idade permanecem ali em busca de informações sobre seus filhos desaparecidos. Sabíamos que muitos de seus maridos já se foram, justamente por guardar a dor entre 4 paredes.
Elas não. Com reumatismos, artroses, dores, bengalas e cadeiras de rodas elas, pelo menos uma vez por semana, estão ali.
Impossível não admirá-las e compreendê-las depois do filme argentino A História Oficial que ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Impossível não admirá-las e compreendê-las depois de conhecer a entrevista que uma delas deu à revista Caros Amigos, há 5 anos atrás.
Impossível não admirá-las e compreendê-las ao entrar no site que mantém e ler ao acaso o que li e que deixo o endereço para vocês.
http://www.madresfundadoras.org.ar/noticia/Volveracasa/374


SOU A FAVOR DA POSIÇÃO DAS MÃES e AVÓS, ELAS TÊM O DIREITO DE RECONHECER SEUS NETOS, AINDA QUE ELES NÃO SEJAM OBRIGADOS A CONVIVER COM ELAS.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Desabafo e Opressão

Hoje fui ao trabalho, em Niteroi.

Já sabia que bem próximo da empresa, há uns 800 metros talvez, casas haviam caído, pessoas tinham morrido.
Ainda assim, achei que suportaria a travessia.

Contudo, na véspera ouvi um relato de quem havia estado por lá, pela manhã.
Ele me disse que enquanto avaliava o local, uma mulher olhava para os escombros e chamava por parentes desaparecidos...
Eu vi a foto dela, tirada pelo celular...

Não reagi bem.
Era próximo demais do meu cotidiano para conseguir ficar imune.

Passei o dia pensando no diálogo trágico/absurdo.
Imaginei muito bem a cena, pois conhecia muito bem o cenário.

Para tornar minhas autodefesas mais frágeis, à noite, mais dramas.
Notícias e filmagens de um catastrófico desabamento, que acabara de ocorrer, ao lado do percurso que eu faria na manhã seguinte, para chegar ao trabalho.
Absurdo dos absurdos foi compreender que pessoas haviam feito suas moradias sobre um aterro sanitário, em aclive, e que a prefeitura da cidade, assitira indiferente à tragédia anunciada.

Fui dormir revirado.

Hoje fui ao trabalho em Niterói.
Não pude passar próximo aos locais do relato e da tragédia principal.
Ainda assim, não estava com o escudo invisível com o qual costumo me deslocar.
Para conseguir chegar, passei por outros caminhos tortuosos, onde desabamentos com mortes não sairam na TV.

Ao me deslocar, ouvi constrito, o silêncio que só é quebrado pelo ruído de águas descendo por ruas desfiguradas.

Muita gente que mora no Rio de Janeiro, não sabe que o Prefeito de Niterói está em seu terceiro mandato.

Lá e também aqui, não dá para botar a culpa nos índices pluviométricos.

PUSILÂNIMES! (*)

Todos nós nos tornamos, pusilânimes!

(*) Fraco de ânimo, de energia.