quinta-feira, 8 de abril de 2010

Desabafo e Opressão

Hoje fui ao trabalho, em Niteroi.

Já sabia que bem próximo da empresa, há uns 800 metros talvez, casas haviam caído, pessoas tinham morrido.
Ainda assim, achei que suportaria a travessia.

Contudo, na véspera ouvi um relato de quem havia estado por lá, pela manhã.
Ele me disse que enquanto avaliava o local, uma mulher olhava para os escombros e chamava por parentes desaparecidos...
Eu vi a foto dela, tirada pelo celular...

Não reagi bem.
Era próximo demais do meu cotidiano para conseguir ficar imune.

Passei o dia pensando no diálogo trágico/absurdo.
Imaginei muito bem a cena, pois conhecia muito bem o cenário.

Para tornar minhas autodefesas mais frágeis, à noite, mais dramas.
Notícias e filmagens de um catastrófico desabamento, que acabara de ocorrer, ao lado do percurso que eu faria na manhã seguinte, para chegar ao trabalho.
Absurdo dos absurdos foi compreender que pessoas haviam feito suas moradias sobre um aterro sanitário, em aclive, e que a prefeitura da cidade, assitira indiferente à tragédia anunciada.

Fui dormir revirado.

Hoje fui ao trabalho em Niterói.
Não pude passar próximo aos locais do relato e da tragédia principal.
Ainda assim, não estava com o escudo invisível com o qual costumo me deslocar.
Para conseguir chegar, passei por outros caminhos tortuosos, onde desabamentos com mortes não sairam na TV.

Ao me deslocar, ouvi constrito, o silêncio que só é quebrado pelo ruído de águas descendo por ruas desfiguradas.

Muita gente que mora no Rio de Janeiro, não sabe que o Prefeito de Niterói está em seu terceiro mandato.

Lá e também aqui, não dá para botar a culpa nos índices pluviométricos.

PUSILÂNIMES! (*)

Todos nós nos tornamos, pusilânimes!

(*) Fraco de ânimo, de energia.

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