sábado, 5 de setembro de 2009

A jibóia pecaminosa.



Vou trabalhar 6ª. feira à noite.
Início de feriadão e promessa de muita gente e muito trânsito, em todas as chegadas no entorno da rodoviária Novorio e em todas as saídas da cidade.
Em frente às novas e atraentes bilheterias filas enormes, até para os que fizeram compra antecipada pela internet, sugerem que há um descompasso grave entre nossa capacidade de atendimento e a expectativa dos clientes.
Eu e outros gerentes avaliamos o quadro: cinza, chumbo...
Inconscientemente, fico questionando... como pode as pessoas escolherem uma data como essa para viajar?
Esse e outros pensamentos me ocorrem em busca de alguma coisa que alivie o meu stress.
São 18:00/18:30 as pessoas não param de chegar.
Elas insistem, parecem vir de todos os lugares e vão para todos os lugares!
Olhamos para os outros guiches de outras empresas para compararmos ao nosso.
No nosso, 400 pessoas ou mais atendidas por 17 bilheteiros. Nos outros 10, 12, 20 pessoas atendidas por 3, 4 ou 5 bilheteiros...

Orgulho! - penso ufanista.
Ameaça de confusão! - penso atordoado.

Aos poucos, nossa perplexidade vai dando lugar a pequenas ações positivas que vão diminuindo nossa tensão.
É muita gente, muito mais do que a nossa capacidade de atendê-las.
Parecemos uma jibóia pecaminosa que quer engolir um filhote de elefante.
Gente, a gula é pecado.

Penso agora que se “nós jibóias” não tivermos paciência e os passageiros não ficarem quietos, a gente não os engole.
Na comunicação com outros gerentes em outras cidades onde operamos, excesso de passageiros.
É a nova distribuição de renda do país, acredito.

Em uma das pequenas ações, converso com as pessoas na fila de quem fez compra antecipada por telefone ou pela internet. Após a trigem, levo pequenos grupos para outra bilheteria mais distante e com menores filas para atendê-los.
Nessa consulta constato que a maioria fez a compra pela internet e, entre elas, encontro muita gente simples, vestida com roupas simples que vai viajar a passeio. Suas bagagens respaldam minha impressão.
São clientes emergentes da classe D, viajando com filho ou filha adolescente que compraram pela internet!
É inacreditavel! É revelador!
Nunca na história desse país ...

A tensão vai diminuindo, aos poucos vamos engolindo e transportando os passageiros.
Entre idas e vindas encontro o Pequeno Principe.
Por causa desse encontro coloco nesse “post” seu desenho favorito.
Parece com um chapéu, mas, na verdade, é uma jibóia que engole o filhote de elefante.
É a metáfora de nossa empresa, nesse novo país em transformação, com seus clientes emergentes.
Só que o filhote de elefante que nos propomos a engolir a cada feriado, não para de crescer.

Antonio Carlos Sá resolveu escrever por ser amigo do Aureliano, do Elme, da Bia, da Layla, da Carol, da Lelê, da Joana, da Lady, da Renata, da Felícia, do Ricardo ...

Um comentário:

  1. Aê!!! Finalmente um blog seu!!!
    Nunca antes na história desse país... Ah! Não, mas sai daí, Aureliano! Seu lugar é no Falo. Aqui é do Sá! Hahahahahahaha.
    Machista, xô!

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